angle-left Rei que criou o Condado da Feira e conquistou praças africanas inspira próxima Viagem Medieval

D. Afonso V, rei que entrou para a história com o cognome de O Africano, por ter conquistado as praças de Alcácer Ceguer, Anafé, Arzila e Tânger, no Norte de África, é a figura central da próxima edição da Viagem Medieval em Terra de Santa Maria. Foi também o rei que criou o Condado da Feira, concedendo título a Rui Pereira, senhor da Terra de Santa Maria e de seu Castelo. Trata-se de um longo reinado de 49 anos, marcado por conquistas, conflitos de sucessão e intrigas, que vão inspirar 12 dias de animação e recriações históricas em Santa Maria da Feira, entre 30 de julho e 10 de agosto, numa edição especial, que apela à identidade feirense, pela expressiva componente de história local deste reinado.

O contexto histórico de cada edição é fundamental para a definição dos conteúdos que servem de base aos momentos de animação e recriação histórica da Viagem Medieval, sendo uma peça chave, quer para os atores e figurantes, quer para o público que desfruta dos ambientes e das vivências de cada época recriada.

Aclamado rei com apenas seis anos de idade, D. Afonso V casou cedo com a sua prima Isabel de Lencastre, com quem teve três filhos. Até atingir a maioridade, foi o tio, o Infante D. Pedro, Duque de Coimbra, que assumiu a regência e governação do reino. Mas as intrigas e os conluios contra o regente, promovidos pela Casa de Bragança, começaram logo após o rei atingir a maioridade, levando a um acalorado contencioso que culminou na Batalha de Alfarrobeira, onde morreu o Infante D. Pedro.

Com a morte da rainha D. Isabel, D. Afonso V casa com a sobrinha D. Joana, rainha de Castela, entrando assim no conflito de sucessão do trono deste reino, que duraria cinco anos e do qual resultou a Batalha de Toro, uma contenda real, comparada à Batalha de Aljubarrota, cuja vitória foi reclamada por ambos os reinos, através de fortes campanhas de propaganda política.

Afonso V figura na história como O Africano por ter levado o espírito de Cruzada a terras da Mauritânia, conquistando as praças de Alcácer Ceguer, Anafé, Arzila e Tânger, com bons e leais cavaleiros que combateram ao seu lado.

Adulado pelos grandes senhores, o rei sabia que não o faziam com honestidade, “antes por vontades escondidas”. Mesmo assim, foi concedendo títulos, instituindo condados, como o Condado da Feira.

O título foi concedido a Rui Pereira, senhor da Terra de Santa Maria e de seu Castelo, pelo auxílio e feitos que, com os seus escudeiros e homens de armas, realizaram durante a conquista de Arzila e a rendição de Tânger, assumindo mais tarde uma das alas do combate na Batalha de Toro.

Foi também no princípio do reinado de D. Afonso V, ainda no tempo de Fernão Pereira, pai de Rui Pereira, que se realizaram importantes obras que transformaram o Castelo da Feira em residência apalaçada, adquirindo a configuração aproximada que ainda hoje identificamos.

D. Afonso V é descrito pelos cronistas como um homem das Artes e das Letras, responsável pela reforma do arquivo régio (Torre do Tombo) e da livraria real, pela criação de bolsas de estudo e polos culturais pelo reino. Cristão de convicções profundas e figura de grande humanidade, tinha gosto em misturar-se com o povo.

A 28ª edição da Viagem Medieval é organizada pela Câmara Municipal de Santa Maria da Feira, empresa municipal Feira Viva e Federação das Coletividades de Cultura e Recreio do Concelho.

 

Publicado a 13 de fevereiro de 2025