Cultura

Exposição reúne 800 presépios de todo o mundo e não esquece guerras na Ucrânia e Médio Oriente


São 800 presépios representativos de todo o mundo, muitos deles espólio de colecionadores feirenses que os adquiriram em viagens por vários países e continentes, mas há também peças de aficionados e curiosos pelas diferentes abordagens à representação figurada do nascimento de Jesus. Patente no Museu Convento dos Loios, Igreja da Misericórdia e Museu do Papel Terras de Santa Maria, a exposição “800 anos 800 presépios: a inspiração de S. Francisco de Assis” não esquece as duas guerras que marcam a atualidade, representadas através de presépios da paz.

Cada um dos 800 presépios que integram esta exposição tem a sua história e as suas particularidades. Muitos deles foram adquiridos nos países de origem por colecionadores, outros resultaram de encomendas a artistas consagrados ou artesãos, alguns são espólio de famílias e têm grande valor sentimental. Quatro obras foram concebidas propositadamente para esta exposição e apelam à paz, palavra chave na espiritualidade franciscana.

É no Museu Convento dos Loios que o visitante encontra o maior número de peças desta exposição coletiva temporária. No piso zero estão os presépios do mundo, dispostos por continentes ao longo de várias salas. No piso 1, encontram-se os presépios de Portugal, exceto os de Santa Maria da Feira, sendo que parte deles coabitam com o espólio da exposição permanente do Museu.

Na Igreja da Misericórdia, a mostra centra-se nos presépios de Santa Maria da Feira, presépios na cruz e presépios em têxteis, para além de um pequeno conjunto de obras que fazem o contraste entre terras quentes e terras frias. Já no Museu do Papel Terras de Santa Maria, em Paços de Brandão, estão expostos presépios ecológicos feitos por alunos da EB 2,3 de Paços de Brandão e famílias.

Quanto aos presépios da paz, o que está patente na Igreja da Misericórdia remete para o conflito Rússia/Ucrânia, através de um presépio ucraniano associado a um tríptico com a catedral ortodoxa de Odessa, antes e depois de ser destruída. Mesmo ao lado, está um presépio russo, sendo que os dois convivem lado a lado, pacificamente, apelando à paz para os dois países. Já no Museu do Papel, o presépio da paz evoca todas as perseguições e todos os que fogem da guerra e da fome.

No Museu Conventos dos Loios, são dois os presépios da paz em exposição. Um deles remete para o conflito no Médio Oriente, representado por blocos de cimento que nos transportam para o muro que separa Israel da Palestina, pontuado por vários elementos e símbolos, como bandeiras rasgadas e uma pomba com colete antibalas. O outro presépio da paz, que evoca todas as guerras e conflitos do mundo, choca pela dureza de um Cristo partido num cenário de destruição, mas marca pela esperança de um Jesus que continua a nascer.

A riqueza e a diversidade dos 800 presépios em exposição nos três espaços expositivos permitem redescobrir a centralidade e a grandeza do presépio na vivência do Natal.

Recorde-se que, no início de outubro, o Município de Santa Maria da Feira lançou o convite à comunidade a fazer parte desta mostra temporária, que assinala os 800 anos da primeira representação figurada do presépio feita por Francisco de Assis, e a adesão superou as expectativas.

Comissariada pelo padre passionista César Costa, a exposição “800 anos 800 presépios: a inspiração de S. Francisco de Assis” vai estar patente até 7 de janeiro, no Museu Conventos dos Loios, Igreja da Misericórdia e Museu do Papel Terras de Santa Maria, de terça a sexta-feira, das 9h30 às 17h00; ao fins-de-semana e feriados, das 10h00 às 13h00 e das 14h00 às 17h30. Encerra à segunda-feira.

 

Publicado a 28 de novembro de 2023