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Dezanove mulheres treinam para vestir a pele de homens de armas na Viagem Medieval


No campo de batalha da Viagem Medieval em Terra de Santa Maria não haverá distinções. Os 80 voluntários que se preparam para vestir a pele de guerreiros na recriação dramatizada da Batalha de Aljubarrota serão todos homens de armas. O grupo é composto por 19 mulheres e 59 homens, dos 16 aos 66 anos, mas apenas 28 participaram em edições anteriores. Entre os estreantes, as mulheres destacaram-se pela vontade e determinação em assumir o papel.

Há duas semanas que os voluntários da Batalha Real recebem formação de esgrima e expressão teatral no Europarque, em Santa Maria da Feira. No início de julho “saltam” para o campo de batalha, nas margens do rio Cáster, onde vão juntar-se ao restante elenco do espetáculo militar de grande formato, que será apresentado todas as noites do evento, de 2 a 13 de agosto.

Para uns, esta participação é uma terapia, para outros, um escape à rotina do dia a dia, mas a maioria dos voluntários revela fascínio pela época medieval e alimenta o sonho de fazer parte desta recriação histórica. Exemplo disso é o casal Alice Pires, de 30 anos, e Szymon Trel, de 36, ela brasileira e bailarina de danças orientais, ele polaco e fotógrafo profissional, ambos a residir no Porto, há pouco mais de um ano.

Apaixonados por recriações históricas e filmes de época, Alice e Szymon conheceram a Viagem Medieval em 2022, ficaram fascinados com o evento e agarraram esta oportunidade para fazer parte do projeto. O cansaço das viagens e das noites mais curtas é compensado com o entusiasmo e expectativa de entrar no campo de batalha. “Vai ser incrível, emocionante, diferente de tudo o que já fizemos”, acredita Alice.

Os ensaios no Europarque são orientados por formadores de esgrima e expressão teatral, envolvidos na construção do espetáculo. Orientam com particular atenção a sequência de golpes que será aplicada e insistem na expressão e interpretação: como gritar, correr, avançar ou recuar no campo de batalha.

“Este grupo é todo muito bom, homens e mulheres. Nota-se muita entrega, física e mental”, sublinha o encenador da Batalha Real, Alex Barone, revelando que o elenco total será mais expressivo do que em em edições anteriores, uma vez que o espetáculo “vai privilegiar a massa humana” em detrimento da cenografia.

Avelino Cerqueira, de 66 anos, é o voluntário mais velho dos guerreiros e inscreveu-se por sugestão de um amigo. Garante que esta missão é para concretizar e já tem indicações para deixar crescer a barba até à Viagem Medieval. Os jovens Sérgio Pais e Rodrigo Martins, ambos com 16 anos, alunos de Ciências e Tecnologias, integram o grupo dos guerreiros mais novos. Cresceram com a Viagem Medieval, conhecem o evento desde sempre e este ano estreiam-se como voluntários num papel desafiante, prontos para o que lhes propuserem.

A participação de Reinaldo Brandão neste projeto foi um acaso. A informação das inscrições para guerreiros “bateu-lhe à porta” através das redes sociais e pensou “porque não?”. Aos 48 anos, o proprietário do restaurante Topázio, em Santa Maria da Feira, decidiu embarcar nesta aventura sem qualquer referência na área do espetáculo, mas assegura que não vai desistir. “É uma experiência diferente, que mistura combate e representação, tenho a certeza de que vou gostar”, refere.

A Viagem Medieval realiza-se de 2 a 13 de agosto, no centro histórico de Santa Maria da Feira, e vai recriar episódios marcantes do reinado de D. João I, com destaque para a Batalha de Aljubarrota.

Publicado a 27.06.2023