Enquadramento


A Junta de Freguesia de Arrifana e o Município de Santa Maria da Feira voltam a promover a evocação das Invasões Francesas.

Foi durante a 2ª Invasão Francesa que um miliciano arrifanense conduziu uma emboscada às tropas napoleónicas em Santiago de Riba-Ul, tendo morto o Tenente-Coronel Lameth, sobrinho do Marechal Soult (Comandante da Invasão Francesa a Portugal). Perante tal acontecimento, e sabendo que Bernardo Barbosa da Cunha autor da emboscada era de Arrifana, o Marechal Junot ordenou a Invasão a Arrifana na manhã de 17 de abril de 1809. Saqueada a população, incendiadas as casas, efetuadas pilhagens, a população encontrou refúgio na Igreja. Mas nem a Casa de Deus foi respeitada e a cada cinco homens válidos saídos da Igreja, um era colocado de lado - episódio dos Quintados. Este grupo de homens e rapazes foram levados para o campo da Buciqueira, onde sucumbiram perante os disparos alinhados dos soldados invasores. Os que sobreviveram aos disparos não tiveram melhor sorte, acabando pendurados em árvores. Mas houve quem ficasse para contar os factos.

Face a esta tragédia, o povo de Arrifana ergueu o Monumento aos Mártires da Guerra Peninsular em memória das vítimas do massacre, o qual foi inaugurado solenemente a 17 de abril de 1914. Este obelisco, presente no brasão desta Vila, faz parte da identidade desta terra e é Monumento Militar Nacional. No entanto, sucedeu a outras homenagens populares dos arrifanenses como foram o caso da construção das Alminhas aos Mártires e do Retábulo. Mais recentemente e por forma a perpetuar a história e a memória aos mártires foi erigida uma placa memorial na Avenida da Buciqueira.

Porque estamos cientes da importância que teve na construção do espírito bairrista desta Vila e do seu povo, este triste episódio para Arrifana fica para sempre cravado na memória dos seus nativos. O espírito resiliente, de quem sobrevive e levanta-se das cinzas e torna o lugar onde nasceu, um lugar próspero e vivo é uma das principais lições que a história nos transmitiu.

Passados 215 anos, fruto da vontade do seu povo, Arrifana volta a homenagear os seus mártires.

Para que o tempo nunca apague a história e mantenha viva a memória daqueles que deram a vida por Arrifana, por Portugal.