Entrevista Yuki Rodrigues


Entre Osaka e Santa Maria da Feira, a vida de Yuki Rodrigues tem sido feita de viagens exteriores e interiores. Aos 15 anos, deixou o Japão para estudar piano em Portugal, onde encontrou tanto o choque cultural como a descoberta de uma nova identidade. A música foi sempre o seu refúgio — até que uma lesão a afastou dos palcos durante 18 anos, levando-a a reinventar-se como compositora e intérprete. Hoje, Yuki vê na música uma oração, um espaço de paz e de liberdade, onde a técnica cede lugar à emoção. Nesta entrevista, partilha o seu percurso, as suas influências e a forma como procura transformar cada concerto numa experiência de esperança.

 

CM Feira:  Como aconteceu a sua vinda de Osaka para Portugal aos 15 anos?

Yuki Rodrigues: O meu pai, que era seminarista, teve a oportunidade de ir ao Japão. Começa aqui a minha história. Lá, casou-se com a minha mãe e eu nasci. Frequentei a escola japonesa até aos 15 anos, daí a minha língua materna ser o japonês. Entretanto, visitamos Portugal nas férias de verão, e eu tive sempre muita curiosidade em conhecer este país, que também era meu. Curioso é ter tomado esta decisão aos 15 anos. Às vezes parece que estou a falar de outra pessoa, mas é de facto curioso. Apesar de ter nascido no Japão e de ter andado sempre na escola japonesa, nunca me senti integrada. Tive sempre a sensação de ser alguém fora da comunidade. Aqui pareço japonesa, mas no Japão não pareço e o ser humano julga muito pelas aparências. Naturalmente que tive uma infância bonita e saudável, mas na escola tive algumas dificuldades porque senti que os meus colegas não me aceitavam totalmente. Tive sempre essa sensação de não pertença e isso levou-me a sonhar para fora. É a única justificação que encontro para ter decidido vir para Portugal com 15 anos.

 

CMF:  Veio sozinha?

YR: Sim, os meus pais ficaram no Japão. Vim para estudar Piano, durante um ano, numa professora particular, no Porto. No entanto, acabei por ficar. Estava a gostar muito da minha formação no Conservatório. Apesar disso, foi um grande choque cultural. Hoje em dia todos comem sushi, mas há cerca de 35 anos ninguém comia. Sentia-me uma extraterrestre a andar pelas ruas do Porto.

 

CMF: O que custou mais na sua adaptação?

YR: Quando vim para cá tinha muitas dificuldades em falar português. Apesar de o meu pai me ter ensinado a gramática portuguesa, a minha capacidade linguística era muito básica. Entrar diretamente para o 10.º ano foi um esforço muito grande. Por causa disso, não conseguia comunicar com os meus colegas e criar laços de amizade. Vivi uma época muito isolada. Naturalmente, que também tive apoio, mas não foi fácil.

 

CMF: Nunca pensou em regressar ao Japão?

YR: Sim, várias vezes, mas alguma coisa em mim dizia-me para ficar.

 

CMF: De que forma a sua herança cultural influenciou a sua música e a forma de estar em palco?

YR: O facto de ter nascido no Japão e de ter vivido lá até aos 15 anos marcou muito a minha sensibilidade na escrita e na interpretação. Vamo-nos conhecendo ao longo da vida e, cada vez mais, noto que, em mim, tenho muitas coisas que absorvi do Japão. A música que ouvia, a forma das pessoas estarem e comunicarem, o som da própria língua, toda a paisagem, toda a cultura japonesa… tudo isso está em mim. É claro que agora estou em Portugal e não me vejo a viver noutro lado. Construí cá a minha família, mas quando me expresso através da música, a minha identidade artística está muito ligada à sensibilidade japonesa.

 

CMF:  Quando compõe também?

YR: Sim. Também na minha forma de estar em palco. Preso muito o silêncio, a forma meditativa de ver a vida e isso expressa-se mais quando toco.

 

CMF:  Quando é que percebeu que o piano seria parte essencial da sua vida?

YR: Acho que desde miúda.

 

CMF:  Com que idade começou a tocar?

YR: Comecei aos seis anos por influência da minha mãe, que adorava música e cantava muito em casa. Eu também gostava de dança e continuo a gostar muito de dançar. Essa parte artística sempre fez parte de mim. Aos 14, 15 anos comecei a sentir que queria seguir Música. Quando vim para Portugal, supostamente para uma experiência de um ano, o tal isolamento de que falei fez-me procurar dentro de mim e descobrir que a música era um oásis onde eu me sentia em liberdade. A partir daí foi uma conexão muito forte.

 

CMF:  Desse percurso de formação, que mestres a influenciaram mais?

YR: Sobretudo mestres que não conheci pessoalmente. Muitos autores de livros, muitos mestres compositores. Agradeço muito aos artistas criadores que marcaram toda a minha vida.

 

CMF:  Quer apontar alguns nomes?

YR: Sim. Por exemplo, Chopin, Debussy, Mozart, Bach. São grandes mestres que me marcaram e inspiraram. Lembro-me perfeitamente de, aos 15 anos, quando toquei pela primeira vez os Noturnos de Chopin, sentir uma conexão muito forte e de pensar que que só podia ser música. De escritores, gosto muito de Hermann Hesse. Sei que são clássicos, mas para mim foram muito importantes. Neste momento interessam-me os escritores da área da espiritualidade como Neale Donald Walsch ou Yogananda. Para além destes, tenho de agradecer aos seres, vivos ao não, que me apareceram. O universo deu-me a bênção de conhecer algumas pessoas que marcaram profundamente a minha vida.

 

CMF:  E professores, houve algum que a marcasse?

YR: Sim. Em Portugal tenho uma pessoa muito querida na minha vida, que é a professora Lidia Lantes, com quem tive aulas particulares. Devo também muito à professora Manuela Gouveia, que conheci mais recentemente. Há muitos mais: Eurico Carrapatoso, Paulo Brandão, Paulo Lameiro. Em termos pianístico, houve um professor muito importante para mim, que foi Fausto Zadra, mas poderia falar de muitos mais.

 

CMF:  Quando foi o seu primeiro concerto e como foi a experiência?

YR: Dei o meu primeiro concerto ainda pequenina. No Japão tive muitas experiências de apresentação em público. Senti-me sempre muito feliz nessas alturas. Quando vim para Portugal passei por uma fase mais traumática nas apresentações.

 

CMF:  Intimidava-a o público?

YR: Não. Era eu que exigia demasiado de mim. Penso que, às vezes, a formação artística é limitadora e eu passei por uma fase onde me senti um pouco castrada. Há vários colegas meus que passaram pela mesma situação. Não quero dizer que seja tudo negativo, mas a exigência é tão grande que, muitas vezes, esquece-se que no momento em que tocamos devemos ter plena liberdade. Acredito nisso e, se não fosse assim, não teria regressado à música após 18 anos. Tive muitos professores, mas a nossa arte é um espaço único. Cada um deve encontrar a sua linguagem, a sua forma de estar e assumir o que é. Pedagogicamente falando, tive o privilégio de conhecer um ou dois artistas que me ensinaram a ser eu própria, porque durante algum tempo não agi assim. Naturalmente que essa questão também está relacionada com a insegurança de cada um, mas, muitas vezes a educação formal tenta formatar e enquadrar os alunos numa certa linha onde nem todo o ser humano se enquadra.

Daí ter vivido o trauma de estar em palco. Tinha pouca autoestima e segurança em mim. Atualmente tenho imenso prazer de estar no palco. Não quer dizer que não fique nervosa. De certeza que vou ficar. Muitas vezes, antes de entrar no palco, apetece-me dizer: porque é que continuo a fazer isto? Mas é quase um sentimento de missão.

 

CMF:  E onde foi o primeiro concerto como artista com cachet?

YR: Lembro-me de que não foi nada fácil. Fiquei muito nervosa. Foi no CCB, não no Grande auditório, mas num café concerto que ali havia. Não sei se ainda existe, mas tinha um piano e os pianistas mais novos tinham a oportunidade de expor ali o seu trabalho. O cachet era simbólico. Tive brancas e chorei muito depois desse concerto. Não foi propriamente fácil.

 

CMF: Falou, há pouco, que voltou à música passados 18 anos. Esteve afastada?

YR: Sim. Aos 30 anos tive uma lesão neuromuscular na mão direita. Tive e tenho! Foi uma situação muito difícil porque, de um momento para o outro, perdi a capacidade de articulação dos dedos. Na altura fui operada. Se fosse agora não seria, porque não resultou. Fiquei num buraco. Consultei vários médicos e nenhum tinha uma solução para mim. Foi muito difícil, mas acho que o universo acabou por me ajudar porque, entretanto, fui mãe. De repente, fechou-se uma parte da minha vida … eu ainda dei aulas, mas pensava constantemente no porquê de me ter acontecido a mim. Foi um desafio muito forte que a vida me deu. Tive de canalizar a minha energia para outras coisas, porque não conseguia lidar bem com o facto de não conseguir tocar, especialmente o meu repertório. Eu diria que é nessa altura que surgem os autores de que falei. Foram eles que me ajudaram a sair da angústia de não aceitar o que me tinha acontecido. Quando aceitei, foi um ponto de viragem. Foi então que comecei a ver outras possibilidades. Eu acredito muito na possibilidade humana de criar.

 

CMF: O que mais a fascina no piano em comparação com outros instrumentos?

YR: Como a minha primeira escolha foi o piano, não tive a oportunidade de comparar com outros instrumentos. Existe outro instrumento que eu gostaria de ter estudado, que é o violino. Tenho um fascínio enorme por esse instrumento. Espero escrever para piano e violino. Adorava. Acho que o piano foi mesmo o destino. Fascina-me porque é um instrumento lindíssimo e tem uma possibilidade orquestral fascinante. Só tenho de agradecer o facto de me ter calhado o piano. Tem um senão, que é o facto de não se poder transportar. Nós afeiçoamo-nos ao nosso instrumento e cada vez que vou a algum lado tocar é outro piano. É como se fosse outra pessoa. É preciso conectar-se e quase pedir licença: posso tocar; conhecer como funciona? É um desafio para todos os pianistas.

 

CMF: Há alguma peça sua que considera "a sua assinatura"?

YR: Em todas as peças que escrevo há um bocadinho de mim. Há duas peças. Uma delas é Flowing. Identifico-me muito com ela, mas não a tenho tocado porque ainda estou a tentar resolver algumas limitações técnicas. Foi um momento complicado, porque deixei de poder tocar as peças que tinha composto. A música faz parte do álbum Search for Eden, que marcou o meu regresso, após 18 anos, à música como pianista e, pela primeira vez, como compositora. Flowing foi muito importante porque retrata, na essência, o meu percurso desde o momento em que me fechei até ao momento que regressei. A outra música é a Balada do Rio, que já consegui adaptar às minhas limitações. Esta peça foi escrita quando aconteceu a lesão. Há uma história por trás e as pessoas dizem-me que sentem isso. É dedicada ao rio Douro. A inspiração partiu da primeira viagem que fiz pelo rio. Há uma viagem de barco e a viagem interior, onde senti a nostalgia da lesão. A conexão com a natureza inspirou-me.

 

CMF: Quando está a interpretar, procura mais técnica, emoção ou um equilíbrio dos dois?

YR: Não me posso focar na técnica, porque as minhas limitações físicas não me permitem. Toda a minha formação, como música clássica, tem uma exigência técnica muito grande e que eu queria atingir. Quando regressei, tive de ultrapassar essa barreira. Não podia continuar a ver a música da forma que via. Há muitas formas de interpretar e a minha é única, porque é a minha. Quanto toco, junto tudo o que tenho. Podem ser dedos, os que permitem tocar, toda a minha emoção ou a visão artística da mensagem que tenho e que quero transmitir. É um conjunto. Isso foi uma das coisas que mudou mais na minha vida, a forma de interpretar. Sem emoção não toco de todo.

 

CMF:  Como é que veio viver para Santa Maria da Feira?

YR: Foi o destino. Estive no Porto, dois anos e meio, depois fui para Lisboa porque, entretanto, a minha mãe e a minha irmã vieram para Portugal. Depois conheci o meu marido, engravidei e tive de tomar uma decisão. O meu marido está ligado à cortiça, em Santa Maria de Lamas, e eu não podia continuar em Lisboa sozinha. Escolhemos Santa Maria da Feira para viver e estou muito feliz com essa escolha. Estou cá há cerca de 19 anos.

 

CMF: Como é criar em Santa Maria da Feira? O concelho pode ser inspirador?

YR: Sim, Santa Maria da Feira inspira-me. Todos os locais por onde passo são motivo de inspiração. Se estivesse em Hamburgo ou no Japão, também me sentiria inspirada. Esta cidade faz parte de mim.

 

CMF:  Sente que a cidade e a comunidade local lhe dão inspiração ou apoio artístico?

YR: Acho que tive muita sorte em vir para Santa Maria da Feira. É uma cidade culturalmente muito dinâmica. Claro que há cidades onde há mais oferta, mas, na sua escala, é extraordinária. É uma cidade muito dinâmica e acho que está muito bem gerida. Claro que nós queremos sempre mais para o sítio onde vivemos, mas, no panorama geral, acho que é extraordinária.

Falando artisticamente, tenho de agradecer por esta oportunidade. Apresentei uma proposta ao Sr. vereador Gil Ferreira, inicialmente o Search for Eden, e tive abertura imediata por parte dele. Depois, ainda aceitou nova proposta, em função das minhas limitações técnicas. Aceitaram de braços abertos e compreenderam. Confesso que estou muito nervosa, porque vai estar aqui tanta gente que eu conheço! Por outro lado, vai ser um momento muito emocionante. Eu espero que venha muita gente, mas se não estiver, não me preocupa. Quem estiver é quem tem de estar. É para essas pessoas que eu quero tocar e dar o meu melhor. É um momento muito especial para mim.

 

CMF:  O que a motiva mais no público português?

YR: Para responder a isso tenho de falar daquilo que eu mais gosto nos portugueses. Eu nunca avalio as pessoas pela nacionalidade. Claro que também é importante, mas eu olho sempre para o ser, sem pensar se é homem ou mulher. Creio que isso tem a ver com a minha vivência. Como senti alguma desintegração no local onde nasci – sem que as pessoas ou eu tivéssemos feito de propósito -, isso levou-me a esta forma de ver a vida. Nos portugueses gosto sobretudo da tolerância. É difícil explicar, mas eu sinto que há sempre uma almofada. O povo português, muitas vezes, não mostra que é muito forte, mas é. Deixa fluir as coisas e eu acho que isso ajuda a criar tolerância. Isto, para além de tudo o resto que eu gosto nos portugueses. O meu marido e os meus filhos são portugueses (gargalhada). Gosto muito do calor humano dos portugueses, da comunicação, da simplicidade. Não são muito de show offs. Claro que há exceções. Gosto das amizades boas que ao longos dos tempos consegui criar.

 

CMF: Como nasceu a parceria com o Raul Ribeiro para o projeto Peace Please?

YR: Já conhecia o Raul Ribeiro. É um produtor com muita experiência. Já eramos amigos e, numa altura, de uma forma muito espontânea, pediu-me um arranjo para música que ele tinha escrito dedicada à mãe e que vai ser estreada aqui, que é Blown by a Wind. Ouvi a música, a voz, e gostei muito. Fiz o arranjo com muito gosto. Creio que foi esse o início do projeto que ainda não tinha sido pensado para nós os dois. Eu não podia continuar com o Search for Eden e o projeto Peace Please, que o Raúl já tinha com um grande amigo dele, acabou por cair porque esse amigo teve problemas de saúde. Ou seja, o destino juntou-nos. Resolvemos então criar um espetáculo onde conseguíssemos transmitir uma mensagem de paz. Quisemos criar um espetáculo onde houvesse uma viagem que começa no caos, com sonoplastia de Simon James e, depois, silêncio. A partir daí é o renascer. A nossa mensagem é de como ultrapassar as dificuldades da vida, no caso é a guerra, que está aqui mesmo ao lado, mas também as dificuldades da nossa vida, numa escala menor. Perceber como ultrapassamos, como aceitamos. Isto tem muito a ver comigo. Da aceitação nascem as possibilidades de renascer, de valorizar e encontrar o caminho. Para mim, este espetáculo é uma oração. É assim que vou estar no palco.

 

CMF:  O que diferencia este projeto?

YR: É diferente porque é um projeto de raiz criado por duas pessoas. As músicas são originais nossas, mesmo os covers têm arranjos nossos e há o nosso toque em tudo, e do Simon James. Se calhar, este projeto não é comercial. A nossa ideia era ter uma sonoridade um pouco na dimensão da World Music. É um espetáculo místico. O público fará a sua avaliação, mas o nosso objetivo foi criar um projeto onde houvesse uma fusão, uma esfera mística, daí eu dizer que é uma oração.

 

CMF:  Onde é que o público pode acompanhar o teu trabalho e seguir os próximos passos do Peace Please?

YR: Nas minhas redes sociais, no Facebook e no Instagram.

 

CMF:  A música pode realmente ser um veículo de paz e transformação social?

YR: Eu acredito que sim. Não podemos pensar que vamos resolver todos os problemas. Eu não sou capaz e ninguém pense que pode resolver sozinho todos os problemas. Paz por favor é uma mensagem forte que ecoa em toda a gente. Na minha dimensão e com toda a humildade, acho que todos podemos fazer alguma coisa. Quando analiso, pergunto-me o que é que eu posso fazer. Contribuo como mãe, como esposa, e sou música. Acredito profundamente na magia e no poder de transformação da música. Cada um de nós tem a sua fé e contribui, à sua maneira, para aquilo em que acredita. A música é uma ferramenta para poder contribuir de alguma forma. Se dão valor ou não, quem recebe é quem sabe. Eu acredito profundamente, ou não trabalharia horas seguidas a escrever.  A música pode deixar uma mensagem. Se não for racional, será emotiva, para que possa atingir a alma das pessoas. É uma visão, um sonho e sinto que isto é a minha missão. Cumpre-me agradecer, porque para acontecer um espetáculo como Peace Please e tantos outros, é preciso o esforço de tantas pessoas, muitas que nunca conhecerei. É necessário que venham de casa, apesar de cansadas, para nos ouvir às nove e meia da noite. Eu acredito que a nossa energia e a energia das pessoas possam deixar alguma coisa. É por isso que eu acho que a música ao vivo é importante.

 

CMF: Para além de Peace Please, está a preparar outros recitais ou colaborações especiais?

YR: Tenho outro projeto que está a nascer, com tambores tradicionais japoneses, o odaiko. Gostava de continuar a dedicar-me a Peace Please e a divulgar a importância da relação entre Portugal e Japão. Historicamente têm um laço muito especial que não é muito divulgado ou tão sentido. Tendo a experiência pessoal que tenho, gostava de criar um projeto artístico onde genuinamente possa transmitir isso.

 

CMF:  Existe algum palco ou festival onde sonhe tocar?

YR: Sonhos, tenho muitos (sorrisos). Gostava muito de voltar a tocar no Japão e em alguns países europeus. Em Portugal gostava de tocar na Gulbenkian. Claro que sim, mas eu quero tocar onde me convidarem.

 

CMF: Que conselho daria a jovens pianistas que sonham seguir uma carreira musical?

YR: Que é importante a formação e aprendam com todo o empenho, mas invistam muito no seu mundo artístico, no que está dentro deles, na sua voz. Para além de tudo o que possam absorver do mundo exterior, acreditem no que está dentro de si, porque todos temos, de uma forma ou outra, algo único e é tão difícil acreditar nessa unicidade. É necessária coragem para fazer isso. Eu demorei muitos anos a acreditar.

 

CMF:  Em poucas palavras, o que significa para si a música?

YR: Para mim, é dimensão divina. É algo que me eleva e me leva a sair do meu ego.

 

CMF: Como espera que o público do Cineteatro saia desta sala no dia 13 de setembro?

YR: Espero que saia com mais alegria, com mais amor no coração, mais leve e com mais esperança. Espero muito que isso aconteça. Vou fazer o meu melhor.

 

Entrevista realizada a 3 de setembro de 2025