Sociedade

Projeto Active Citizens ouviu 200 pessoas e sensibilizou para a consciência ambiental


Numa iniciativa invulgar de democracia participativa, o grupo local URBact, do projeto europeu Active Citizens, foi ao encontro dos cidadãos para ouvir as suas preocupações em matéria de Ambiente e sensibilizar para a importância da consciência ambiental. Em apenas duas horas e meia, foram ouvidas cerca de 200 pessoas, que participaram de forma aleatória e voluntária na primeira ação de pequena escala, realizada nas Caldas de S. Jorge.

Foi na manhã de domingo, 11 de julho, que o grupo local URBact se instalou no jardim Amália Rodrigues, junto às Termas de S. Jorge e ao rio Uíma, para concretizar a primeira ação de pequena escala “Criar Consciência Ambiental”, resultante dos debates e sistematização dos encontros realizados a 2 e 22 de junho, que envolveram cidadãos e técnicos municipais.

“Queremos saber a sua opinião” foi o mote desta primeira ação, que teve como principal objetivo ouvir e registar a opinião dos cidadãos sobre os problemas ambientais mais preocupantes e, simultaneamente, prestar informação útil, promotora de comportamentos de consciência ambiental e da reflexão em torno dos atos individuais e das suas consequências para o meio ambiente e para o planeta.

Contrariando o que é recorrente na democracia participativa – ouvir os cidadãos formalmente organizados em grupos, assembleias ou fóruns – esta ação foi ao encontro dos cidadãos e deu-lhes voz de forma aleatória e não programada.

Esta experimentação permitiu ao grupo local URBact constatar que não existe uma baixa cultura de participação. Pelo contrário. Os cidadãos estão recetivos a participar na vida da comunidade, elencam problemas e soluções, desde que sejam criadas alternativas diferenciadoras para os auscultar.

Os 200 participantes correspondem a cerca de 90% das pessoas que passaram no local onde se realizou esta ação, o que confirma a elevada participação e envolvimento dos cidadãos. Ir ao encontro das pessoas, ao invés de as convocar para fóruns ou reuniões, será um caminho a seguir pelo grupo URBact.

A falta de civismo foi um dos problemas mais apontados pelos participantes, mas a falta de limpeza das ruas, rios e ribeiras, o abate de árvores e as descargas ilegais para o rio também foram temas recorrentes. Como soluções, os participantes propuseram, entre outras, “uma maior interatividade entre a autarquia e a população no sentido da entreajuda e do espírito comunitário pelo bem comum”, “melhorar a comunicação entre o executivo e os cidadãos”, “maior sensibilização para uma participação mais ativa nas questões ambientais” e “adoção de medidas mais duras e punitivas para quem polui”.  Foi ainda apontada a falta de meios das juntas de freguesia e o recurso ao trabalho comunitário como forma de colmatar esta lacuna.

As instalações ao longo das margens do rio também motivaram a reflexão sobre a falta de civismo, a problemática dos plásticos e a poluição das paisagens, a importância da biodiversidade e as consequências do turismo ambiental para as gerações futuras. 

Liderado pela cidade francesa de Agen, o projeto europeu Active Citizens, financiado pelo programa URBact, (comparticipação FEDER de 85 por cento), é constituído por uma rede de oito cidades europeias, entre elas Santa Maria da Feira, criada para ajudar a enfrentar os desafios da governança local, nomeadamente a promoção da democracia participativa.

 

Publicado a 13.07.2021